9.5.12

A ARQUITETURA DO ROMANCE


A arquitetura do romance

Organização linear/cronológica do relato - ver quadro/síntese no manual,  pág. 217

Assim, podemos distinguir três partes, seguidas de um epílogo, na arquitetura do romance:

Capítulos I a VIII
Ida de D. João V à alcova da rainha para a engravidar e assim assegurar a sua sucessão no trono
Ida ao local onde quer erigir o convento
Vitória dos franciscanos na guerra das influências

Capítulos IX a XVI (1713-1722)
Projeto da passarola voadora
Construção do convento, com Bartolomeu ausente dos caps. X a XII
Primeiro voo da passarola (cap. XVI), sobrevoando o convento em construção

Capítulos XVII a XXIV (1723-1730)
Construção do convento com Baltasar entre os trabalhadores
Notícia da morte do padre Bartolomeu, anunciada pelo compositor, em 1724
Desaparecimento de Baltasar na passarola em 1730, com o convento inacabado

Capítulo XXV
Errância de Blimunda procurando Baltasar até o encontrar no auto-de-fé final


Centrado no anacronismo (visão profética do futuro em relação ao presente do enunciado e passado visto à luz do presente), Memorial do Convento tem uma arquitectura discursiva que subverte a monumentalidade do texto, pondo em confronto a construção de um monumento, que serve o discurso do poder e a construção de uma passarola, metáfora da liberdade que sobrevoa o monumento que está preso ao chão. Se o convento é resultado da carne petrificada da gente do povo, já a passarola é-o da recolha das vontades desse mesmo povo.

A literatura consegue, assim, preencher os silêncios da história: nesta só se fala do monumento construído; naquela é a voz dos trabalhadores que se faz ouvir.



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