9.5.12

ANÁLISE DOS ELEMENTOS PARATEXTUAIS


- O Título - Memorial do Convento 

Uma dimensão temporal — o vocábulo ‘memorial’ significa escrito em que se relatam factos memoráveis, o que implica necessariamente um movimento de recuo no tempo;
Uma dimensão espacial — referência a um espaço concreto, um convento.


Memória
O povo anónimo
Imortalização do herói colectivo que a História silenciou (pp. 242/270 – Cap. XIX)
Mafra
D. João (1707- 1750), O Magnânimo
Rei de poder absoluto (Luís XIV)
Megalómano, devoto e devasso

"Memorial” ou celebração em honra dos trabalhadores anónimos de Mafra (acto de justiça), para que o tempo os eternize na memória de todos.


Romance histórico- pág. 215

Ficção
Factos e personagens ficcionais
Realidade
Factos e personagens referenciais /reais

Verosimilhança
Metaficção historiográfica
História da História
Releitura dos acontecimentos



O texto da contracapa:
Era uma vez um rei que fez promessa de levantar um convento em Mafra. Era uma vez a gente que construiu esse convento. Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido. Era uma vez.

Esta sinopse aponta para as duas dimensões que estruturam o romance:

Uma dimensão literária, onde pontua o maravilhoso: ‘Era uma vez’ [ficção (maravilhoso, contos populares, fábulas, …)]; neste universo mágico, evoluem personagens fictícias que representam um povo explorado, oprimido sob o jugo da tirania do poder.

Uma dimensão histórica, baseada em factos e personagens verídicos: o rei D. João V, o Convento de Mafra, o aeróstato do padre Bartolomeu de Gusmão, o músico Domenico Scarlatti.

Destacam-se 3 fios  narrativos (página 217), que se entrelaçam por via da ação das personagens que intervêm nas três ações:

a) Construção do Convento: história de um rei, poderoso e muito rico (D. João V), que manda construir grandes obras e sobretudo o Convento-Palácio de MAFRA (poder autoritário, riqueza ostentatória, fausto e megalomania) - farsa palaciana.
Este acontecimento estruturante é pretexto para o escritor denunciar os comportamentos dos poderosos que provocam o sacrifício e a morte de muitos cidadãos obrigados a participar de um projecto que lhes é alheio, mas de que são os autores materiais


 b)     Relação de Baltazar e Blimunda (AMOR): história de uma relação genuína entre     Baltasar e Blimunda, duas figuras do Povo, simples e trabalhadoras  – o soldado e a vidente (poder do sentimento e simplicidade do amor) – epopeia do trabalho.
O amor entre Baltasar (Sete Sóis) e Blimunda (Sete Luas), o par escolhido por Saramago para representar o povo anónimo. A sua vida e o seu trabalho diário representam também a história quotidiana de um país; o seu esforço e os poderes mágicos de Blimunda ajudam o padre Bartolomeu de Gusmão a concretizar o seu sonho.


c)      Construção e Voo da Passarola (UTOPIA): história do sonho de voar, personificado na figura do padre-cientista Bartolomeu Lourenço de Gusmão (poder do sonho e da vontade) – elogio do Sonho/Utopia.
A construção da passarola voadora, símbolo do desejo ancestral do homem de voar, que se converte na afirmação de que o esforço e a vontade humanos tudo conseguem (vontades dos homens aprisionadas por Blimunda que constituem a energia que faz subir a passarola).



Processos/ momentos de articulação dos Planos Narrativos:
-        Bartolomeu testemunha o 1º encontro entre Baltazar e Blimunda
-        Blimunda e Baltazar assistem aos festejos do nascimento da infanta
-        Baltazar participa na construção do convento

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