- O Título - Memorial do Convento
Uma dimensão temporal
— o vocábulo ‘memorial’ significa escrito em que se relatam factos memoráveis,
o que implica necessariamente um movimento de recuo no tempo;
Uma dimensão espacial
— referência a um espaço concreto, um convento.
Memória
O povo anónimo
Imortalização do herói colectivo que a História silenciou
(pp. 242/270 – Cap. XIX)
|
Mafra
D. João (1707- 1750), O
Magnânimo
Rei de poder absoluto (Luís XIV)
Megalómano, devoto e devasso
|
"Memorial” ou celebração
em honra dos trabalhadores anónimos de Mafra (acto de justiça), para que o
tempo os eternize na memória de todos.
Romance histórico- pág. 215
Ficção
Factos e personagens ficcionais
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Realidade
Factos e personagens referenciais /reais
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Verosimilhança
Metaficção
historiográfica
História da
História
Releitura dos
acontecimentos
|
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O texto da contracapa:
Era uma vez um rei que fez promessa de levantar um convento em Mafra. Era uma vez
a gente que construiu esse convento. Era
uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um padre que queria voar e
morreu doido. Era uma vez.
Esta sinopse aponta para as duas dimensões que estruturam o
romance:
Uma dimensão
literária, onde pontua o maravilhoso: ‘Era uma vez’ [ficção (maravilhoso,
contos populares, fábulas, …)]; neste universo mágico, evoluem personagens
fictícias que representam um povo explorado, oprimido sob o jugo da tirania do
poder.
Uma dimensão histórica,
baseada em factos e personagens verídicos: o rei D. João V, o Convento de
Mafra, o aeróstato do padre Bartolomeu de Gusmão, o músico Domenico Scarlatti.
Destacam-se 3 fios narrativos (página 217), que se entrelaçam por via da ação das
personagens que intervêm nas três ações:
a) Construção do Convento: história de um rei, poderoso e
muito rico (D. João V), que manda construir grandes obras e sobretudo o
Convento-Palácio de MAFRA (poder autoritário, riqueza ostentatória, fausto e
megalomania) - farsa palaciana.
Este acontecimento estruturante é
pretexto para o escritor denunciar os comportamentos dos poderosos que provocam
o sacrifício e a morte de muitos cidadãos obrigados a participar de um projecto
que lhes é alheio, mas de que são os autores materiais
b) Relação de Baltazar e Blimunda (AMOR):
história de uma relação genuína entre Baltasar e Blimunda, duas figuras do
Povo, simples e trabalhadoras – o
soldado e a vidente (poder do sentimento e simplicidade do amor) – epopeia do trabalho.
O amor entre Baltasar (Sete Sóis)
e Blimunda (Sete Luas), o par escolhido por Saramago para representar o povo
anónimo. A sua vida e o seu trabalho diário representam também a história
quotidiana de um país; o seu esforço e os poderes mágicos de Blimunda ajudam o
padre Bartolomeu de Gusmão a concretizar o seu sonho.
c) Construção e Voo da Passarola (UTOPIA):
história do sonho de voar, personificado na figura do padre-cientista
Bartolomeu Lourenço de Gusmão (poder do sonho e da vontade) – elogio do Sonho/Utopia.
A construção
da passarola voadora, símbolo do desejo ancestral do homem de voar, que se
converte na afirmação de que o esforço e a vontade humanos tudo conseguem
(vontades dos homens aprisionadas por Blimunda que constituem a energia que faz
subir a passarola).
Processos/ momentos
de articulação dos Planos Narrativos:
-
Bartolomeu testemunha o 1º encontro entre
Baltazar e Blimunda
-
Blimunda e Baltazar assistem aos festejos do
nascimento da infanta
-
Baltazar participa na construção do convento
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